VERÃO EM MIM

Um sangue incandescente e ralo,

Corre nos túneis estreitos das veias,

Colorindo a tez de amora.

É o calor anormal de janeiro,

Que vem, além da conta,

Cuspindo restos

De saliva de dragões.

São reflexos

Do aquecimento global,

Da Pressão arterial,

Do excesso de hormônio,

Do furo na camada de ozônio,

Raios UV, vai saber...

É céu, é sul, é sol, é sal,

Do mar morto,

Dos olhos sem porto,

Inseguro de regras,

Das dez, das quatro

Rodas da vida, da lida

Exposta ao sol sem filtro

De carvão ou velas

Em chamas geladas

No copo, no cosmo, no corpo em gotas

Que desfilam, num deslize prata

Sobre um corpo em brasa

Que gargalha de prazer,

Sob a chuva de refresco

Que despenca da lua.

Luz Miranda
Enviado por Luz Miranda em 06/01/2011
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