VERÃO EM MIM
Um sangue incandescente e ralo,
Corre nos túneis estreitos das veias,
Colorindo a tez de amora.
É o calor anormal de janeiro,
Que vem, além da conta,
Cuspindo restos
De saliva de dragões.
São reflexos
Do aquecimento global,
Da Pressão arterial,
Do excesso de hormônio,
Do furo na camada de ozônio,
Raios UV, vai saber...
É céu, é sul, é sol, é sal,
Do mar morto,
Dos olhos sem porto,
Inseguro de regras,
Das dez, das quatro
Rodas da vida, da lida
Exposta ao sol sem filtro
De carvão ou velas
Em chamas geladas
No copo, no cosmo, no corpo em gotas
Que desfilam, num deslize prata
Sobre um corpo em brasa
Que gargalha de prazer,
Sob a chuva de refresco
Que despenca da lua.