A VIELA SOBRE O TÚNEL
Na viração do dia,
na baixa temperatura
o vento que em mim ardia
nesta minha desventura.
Uma flor fagueira
no caminho exposta;
uma lagarta rasteira
na beira da encosta.
Na senda o meu destino
a caminho da formação
com o rosto de menino
passos fortes sobre o chão.
Animais pequenos, ariscos,
correm de lá para cá,
cruzam o caminho em rabiscos
ouvem passos de gente má.
Sobre o túnel umas vielas
lá em baixo correm os carros
lembrando das minhas mazelas,
os seus segredos de barros.
Vi ali um passarinho
do peito amarelo
parado no meu caminho
bicava faminto um farelo.
Trançava-me ali calangos
farfalhando capins e matos
a beleza dos morangos
eram comidas para ratos.
Toda beleza ali jogada
num simples caminho e rico
por mendigos era usada
para vulgo e sassarico.
Cheiro da mata e dos estrumes,
uma péssima combinação,
a noite, os belos vagalumes
tornam fluorescente a vegetação.
Na alva um lindo horizonte,
os operários a levantar,
um passa passa constante,
gente indo trabalhar.
As flores amarelas nos cantos,
o sol clareia e dá a vida,
os ruidos dos carros em prantos,
de novo a mesma corrida.
(YEHORAM)