A VIELA SOBRE O TÚNEL

Na viração do dia,

na baixa temperatura

o vento que em mim ardia

nesta minha desventura.

Uma flor fagueira

no caminho exposta;

uma lagarta rasteira

na beira da encosta.

Na senda o meu destino

a caminho da formação

com o rosto de menino

passos fortes sobre o chão.

Animais pequenos, ariscos,

correm de lá para cá,

cruzam o caminho em rabiscos

ouvem passos de gente má.

Sobre o túnel umas vielas

lá em baixo correm os carros

lembrando das minhas mazelas,

os seus segredos de barros.

Vi ali um passarinho

do peito amarelo

parado no meu caminho

bicava faminto um farelo.

Trançava-me ali calangos

farfalhando capins e matos

a beleza dos morangos

eram comidas para ratos.

Toda beleza ali jogada

num simples caminho e rico

por mendigos era usada

para vulgo e sassarico.

Cheiro da mata e dos estrumes,

uma péssima combinação,

a noite, os belos vagalumes

tornam fluorescente a vegetação.

Na alva um lindo horizonte,

os operários a levantar,

um passa passa constante,

gente indo trabalhar.

As flores amarelas nos cantos,

o sol clareia e dá a vida,

os ruidos dos carros em prantos,

de novo a mesma corrida.

(YEHORAM)

YEHORAM BARUCH HABIBI
Enviado por YEHORAM BARUCH HABIBI em 06/01/2011
Reeditado em 20/03/2013
Código do texto: T2713593
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