O Graal e a Panacéia.

Do Graal à Panacéia perseguimos o miraculoso.
Sentimos a urgente necessidade de olvidar a nossa pouca constituição.
É o anseio ancestral de nos imaginarmos
além da nossa mesquinha situação.

Rezamos e torcemos para que algum deus exista.
Menos por Ele e mais pela nossa ambição
de sermos Sujeito, Amo e Patrão
de tudo mais que nos rodeia.

A Panacéia existe, mas não é acessível
porque os porcos laboratórios capitalistas não deixam.
Mas, então . . . posso perguntar?
Será . . . credo em cruz . . . que Deus também é capitalista?

Mas que o Graal existe não há como duvidar.
E opera milagres . . . 
"plena abundância" a certos autores.

Quem nos adestrou a pensar que somos superiores?
O mesmo que inventou o Graal e a Panacéia?
Donde tiramos esta idéia?

Por que associamos a vida com o Bem absoluto?
E a morte com o Mal?
Repare Homem: ambas são faces de uma só Natureza.

Buscamos na metafisca a negação de nossa finitude? 
Será que houve um erro da Natureza quando nos preparou
para matar (do alface ao boi) e não para morrer?

Não se engane, Homem! Não somos mais (ou Plus?) nem melhores
que os outros seres.
Observe que as estrelas nascem, vivem e morrem.

Vamos, admita: não estamos acima das estrelas,
logo . . .