COTIDIANO

De manhãzinha

Um relógio escandaloso

Orquestra a mesma sinfonia

Da cidade orgânica

Que nunca dorme.

Lá fora

Uma chuva fina

Chora todas as lágrimas

Que eu não cosegui derramar

Durante a noite.

Ao meio-dia

Já meio cansada

Me permito meias palavras

E me empazino de comida

E de esperanças.

E à tardinha

Um pássaro rasga o cotidiano

Levando as horas caducas

Em suas asas de ventos.

Pensando:

Tantas vezes o poeta é,na sua essência,apenas um verbo intransitável.

Quitéria Régia
Enviado por Quitéria Régia em 06/01/2011
Código do texto: T2712959
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