COTIDIANO
De manhãzinha
Um relógio escandaloso
Orquestra a mesma sinfonia
Da cidade orgânica
Que nunca dorme.
Lá fora
Uma chuva fina
Chora todas as lágrimas
Que eu não cosegui derramar
Durante a noite.
Ao meio-dia
Já meio cansada
Me permito meias palavras
E me empazino de comida
E de esperanças.
E à tardinha
Um pássaro rasga o cotidiano
Levando as horas caducas
Em suas asas de ventos.
Pensando:
Tantas vezes o poeta é,na sua essência,apenas um verbo intransitável.