DESERTO INQUIETANTE


Num caminho de árvores despidas
De onde caiu o dourado do Outono.
Penso em escondidos segredos
Tranquilos degredos

Onde as sombras se encobrem.
Mas há no sol um teimar tão excitante
Que nas mãos escorrem o sentir dilacerante
E as leva a abrir a porta cerrada
De algum deserto inquietante.

Quando tu te escondes
desfaz as alegrias em montes
e me faz derramar lágrimas constantes
E me deixo levar pela ausência e transporto
dos sonhos os olhares ternos de qualquer instante

Mas quando vens e me banha de tuas carícias
me desfaço das sombras e agarro a unha suas malícias
e me faço tão sua, quanto jamais fui minha.




Fernanda Mothé Pipas
Enviado por Fernanda Mothé Pipas em 05/01/2011
Código do texto: T2711827
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