Prisioneira da montanha
Que segredos me escondes Ó Montanha,
Por detrás dessa elevada muralha,
Onde o Sol morre e nasce a Noite canalha,
Amiga fiel de ladrões plenos de manha ?
Onde guardas as ondas que me embalavam,
Em noites agitadas de insónias brancas,
Como as asas das gaivotas que em mim voavam,
Que a memória guardou no interior com trancas ?
Percorrerei as tuas veredas sigilosas,
Nas pegadas de tantos poetas memoráveis.
Ajoelho-me perante os céus infindáveis…
Castigam-me as tuas trovoadas furiosas.
Fugirei dos teus cimos tão prepotentes,
Escalarei, sem dó, pelas tuas encostas,
E buscarei todas as minhas respostas,
No exilo dos mares omnipotentes.
E mesmo que eu morra crucificada,
Como Cristo, no alto de uma montanha,
Terás o meu corpo…sem qualquer façanha !
Mas a minh’ alma ao mar será ofertada.
(maio/2003)