TEMPO ABSOLUTO
Voo, voo, mas nunca chego
Ao céu azul na minha frente.
Voo livre nas asas do vento,
Sem amarras nem ilusões!
Nos campos de lírios, puro de veludo,
Quando toco tua pele meus lábios pedem tudo!
Num tempo absoluto, primeiro, de vida!
Estende a tua mão, eu te amparo
Abre o teu coração, eu te entendo
Vem! Corre a meus braços e chora
Grita, sufoca, blasfema ou ri.
Pouco importa se, por ora,
Não quero ver mais do que já vi!
Deixa-me secar essas duas lágrimas
Que teimam em bailar num mar de algas
Conta-me da mágoa que em teu leito
Escondes calado, sem palavras vãs.
Dás-me a tua boca.
Adoro-a, não o nego,
Mas isso é coisa pouca
Quando a ti me entrego!