prefácio
escrevo, com o grão de meus dedos,
minúsculas partículas
minúsculas.
rebúsculas.
obscurezas que eu dou.
escrevo,
com o grão de meus dedos,
e eu sou.
- qualquer coisa que não seja escura
nem clara
nem certa nem torta demais.
nem velha.
escrevo, pelas frestas das mesas,
poemas mortais. despencam;
estrelas.
não temo não tê-las,
leais,
desiguais.
escrevo, com a ponta dos nervos,
meus versos praquês
sem ter
eu porquês, - com o grão de meus dedos,
cegamente, correndo as paredes
sem poder lhes passar
no entanto,
por quê?.
eu não tenho suavidade alguma. eu não tenho verdade,
nenhuma.
escrevo,
com o tempo da espuma.
escrevo, e meus desalentos são todos coisais.
escrevo, com a faca da rua,
secretas verrugas,
venusas,
meninas doentes e ninfas senis.
eu escrevo como aquele remido,
mêndice, esquálido e fa-
minto. escrevo e
não
qui-lo.
eu não vejo.
com o grão de meus dedos
escrevo
e não volto atrás.
não volto,
renego e enfureço,
depois eu me deito, me dispo e mevou,
e mevou,
e mevou sem jamais.
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