Vendaval

Foi uma poeira,

mas junto um vendaval.

Varreu minha vida inteira

a rajada descomunal.

Foi tudo envolvido numa espiral

e se afastando gradualmente.

Foi embora tudo fugindo

tão rapidamente.

Foi uma poeira de dar dó,

depois que baixou fiquei só.

Chorei um choro seco

de vergonha em cada pó,

se é que se mede em pó.

Depois veio a chuva torrencial

e só não chovia no meu quintal.

A casa ficou vazia sem o casal,

morte dela e minha, afinal.

Olhar para onde agora,

tudo aqui era plural.

Se tiver que jogar coisa fora

vou eu embora.

Foi uma surra de vento,

palavras mortais.

Queria voltar no tempo,

mudar a rota desse vento

e não deixá-lo arrancar

o meu coração.

E a perturbação do meu sono

é a certeza de que sou

o único dono

de um vazio sem chão.

A poeira se foi,

até o vento a levou,

até levou com ele

o meu amor.

Deslocamento de ar,

diferenças de pressões,

não respiro mais

aquelas sensações,

virão outras ilusões.

Sopra vento ameno,

e a saudade grita!

Nenhum outro amor

outro amor imita.

E sofrer faz parte da vida,

e morreu minha dor doída.

Paulo Henrique Frias
Enviado por Paulo Henrique Frias em 04/01/2011
Reeditado em 14/01/2011
Código do texto: T2708985
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