Paz

O cheiro do asfalto molhado traz a lembrança da infância

Quando a culpa não existia e a dor era simples e externa

O barulho dos carros, velozes e angustiados,

Não sabem se vão chegar à tempo pro almoço do domingo

Cada pingo que cai é uma pensamento que brota

Como clips ou guarda-chuva: ninguém sabe como foram parar ali.

A vida, a família, a faculdade, o trabalho, os amigos, os amores,

A casa, o gato, as loucuras, as loucuras, as loucuras...

É tudo branco do lado de dentro, e mesmo assim não me traz paz

A paz que eu procuro é a mesma daquele primeiro cigarro

O mundo desmorona, e não há problema algum

Mais um trago e eu vejo o que faço depois

Mas a paz que eu preciso é vazia de sentido

Só é plena e satisfatória sem os sentimentos ruins

Eles não podem ultrapassar a barreira que a alma impõe

E de corpo fechado, só Deus e os anjos sobrevivem.

Lâmia Brito
Enviado por Lâmia Brito em 03/01/2011
Reeditado em 21/05/2012
Código do texto: T2705937
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.