O Giro da Vida

A “roda viva” ainda gira, mestre Buarque.
Mais lenta, é verdade. Talvez seja o conhaque;
aquele, que junto com a Lua, deixou Drumonnd comovido.
E como ainda roda, espero ver-lhe o sentido.

Difícil peão é a vida. Sempre exige um cordão comprido,
mãos firmes, peito aberto, coração estendido.
Sim, Milton, é preciso ter gana,
senão, como continuar nesta gincana?

Não se morre de rotina.
Apenas se deixa de viver.
Finjo ser feliz porque me dizem que é necessário.
Teatro barato, autor ordinário.

A roda gira e tudo fica o mesmo.
Serão outros atores?
Ou apenas almas penadas vagando a esmo?

E, no entanto, se move . . . murmura Galileu.