Me vais, te volta
Tua ausência, constante, no meio da noite
mil amores quebram, mil dias passam
Tua pressa, inexplicável, de ir embora
mil tendões fendem, mil fendas abrem
E olhei o paraíso árido
brisa doce da manhã esquecida
e tua roupa, sobre a cama, sobreposta
trás a volta de minhas noites entorpecidas
O teu cheiro, tão frequente, penetrante
ilustrando a fantasia mais vibrante
de pousar sobre o teu peito amante
esse mundo, sobre tudo, sobre nós
e só o medo de ouvir a tua voz
n'aquele tom que eu conheço muito bem
me dizendo que me entende bem além
de outros corpos que outrora conheci.