Insônia
Na madrugada, monstros e fantasmas
aproximam-se da minha cama,
mas não me assustam mais,
agora são meus amigos.
Ficam sentados, quietos em uma poltrona.
Ouço o silencio total,
reflito sobre minha existência.
O relógio transforma-se em um quadro de Dali,
derretendo minha alma.
Gritos, ecos batem nas paredes do quarto,
tentando sair,
em vão.
O tempo parou em minha mente,
as horas não passam,
o calendário não muda.
Quando chega à minha janela,
de mansinho, o amanhecer,
acordando o pássaro
e trazendo seu canto,
é hora de as falenas adormecerem,
para descansarem da noite em claro.
Fantasmas de lençóis
vão-se com a aurora,
luz e sombra se misturam
são a ponte entre a noite e o dia.
Adormeço por um instante,
vomito meus sonhos,
acalma-se minha alma...
No quarto, a tranqüilidade,
minhas pálpebras relaxam,
aconchego-me ao lençol perfumado,
os objetos tomam forma,
durmo tranqüilo...
...e o relógio toca!