Livros do Éter I I
Pobres livros esquecidos nas estantes,
Engaiolados em prateleiras,
Loucos para baterem as asas e voarem
Rumo às mãos de quem gostaria de acarinhá-los
Em troca de conhecimento.
Pobres livros, amigos íntimos de mofo e ácaros,
Como gostariam de serem tocados e darem,
Em troca, conhecimento, viagens, suspense,
Imaginação e tudo que lhes cabe nas paginas.
Livros que, trancados em armários,
Adormecidos, às vezes, ficam anos
Sem dedos nem olhares a lhes pousar.
Livro deveria ser passagem...
Passagem para a cultura, passagem para a ficção,
Passagem para a elevação espiritual e moral.
Livro amador, livro Nobel...
Livro os pecados de ser livre;
Livre em alçar vôo por ser livro.
Livros queimados na Alexandria, no nazismo, nas inquisições.
Queimados, livros inertes!
Queimados pelos homens, coitados,
Em sua infância intelectual.
O conhecimento, em certa época e em certos lugares, era para poucos,
Pelo medo de que sua disseminação trouxesse a revolução.
Conhecimento é poder, faz pensar, e pensar é perigoso
E os livros ficavam proibidos para o povo.
Queimar?
Queimar estantes, caixas de mofo, nos porões e sótãos;
Queimar?
Queimar apenas o que possa servir de descanso aos livros.
E deixar que seu repouso seja em mãos,
Mãos que sirvam de passagem,
Passagem para o conhecimento.
Doar sem dor
É como dar alimento à alma,
É alimentar o espírito, é dar poder,
Para que o querer seja sempre poder.