Números
Números
Três oito oito três dois seis seis:
nunca pensei que traduziria em números o que sinto por você.
Acostumado aos versos livres da lira,
abstraí o inverso do universo aprisionado na facit e,
pesando bem o tempo presente,
termos passados e futuros,
não tive como não calcular...
Quando multipliquei meus horizontes,
você subtraiu meu conjunto verdade:
um dia fui seu infinito,
no outro uma nulidade.
Agora, dividido,
você adiciona mais uma incógnita à equação.
Reduzindo os fatores,
temos muito em comum:
a matriz dos nossos sonhos é complexa,
mas não imaginária.
Como nosso cálculo não foi linear,
passamos da progressão aritmética para a geométrica,
num ritmo absolutamente exponencial...
Talvez uma expressão não-euclidiana resolva nosso dilema:
o raio é que seu jeito radical
secciona à metade a diametralidade do meu plano.
Sua inclinação à indeterminação me obtusa o ângulo,
e tangencio sua boca paralela à minha.
O ciclo que se fecha torna seu beijo algo mais que diferencial,
um segmento perpendicular à razão de existir, talvez,
mas, por mais que seja natural, será integral?
Enfim, nosso momento é indefinido:
estamos em função de uma função cuja derivada é outra função...
Nem Pitágoras nem Tales de Mileto,
nem Descartes, Newton, Pascal ou Fermat
enxergaram esta realidade:
o nosso amor não tem sintaxe!
É um axioma perfeito:
sem final e sem começo...
Chega de relatividade:
sua raiz é um número irracional,
pois de tão racional cheguei às raias da loucura...
Sou um infinito de pé, afinal.
Lê: só sei que, com você,
somos dois, somos um par,
como queriamos demonstrar...