FITA
Tudo culpa da poesia
Este e aquele momento
Um lugar de sonho
E de arrebatamento
Ela cria coisas a bel prazer
Cria beleza e sofrimento
Por isto avisou o poeta
É puro fingimento
Quando se irrita
Faz birra, bate o pé
Roda nos calcanhares
Visita lupanares
A poesia chora e grita
Depois se olha no espelho
E se acha fatal e bonita
O que mais adora
É fazer fita
Tem ansiedades e desejos
Ao mesmo tempo em que fica séria
Também faz gracejos
A poesia atravessa mares
Dorme nos pântanos
Visita a guerra
Ama imperadores
É de veneta
Invade e domina toda a Terra
Tudo é poesia
A mentira
A verdade e a ousadia
A ética e a moral
Tudo ela ignora
E pensa não fazer mal
Criatura inconsequente
Febril
A poesia arfa o peito
Embeleza o quadril
Monta a cavalo
E galopa no céu de anil
Apeia na porta do paraíso
A poesia não tem juízo