MÉRITO TEU

A dor impiedosa me atingiu em cheio

Grande, porém, foi a vontade de te ouvir

E Deus me concedeu esta ventura

Marcante foi a tua presença

Minhas lágrimas lavavam o meu rosto

Meus soluços misturavam-se a elas

Lado a lado com meu respirar profundo

E os meus gemidos terrivelmente sentidos.

No entanto, à medida que tua voz chegava

Foi dando lugar à calma em meu espírito

Aconchegando-se cada vez mais a mim

E o sorriso foi o meu prêmio maior

Daquele lutar empreendido

Que quis tornar-me a mais frágil das criaturas.

Grande é o júbilo do teu mérito

E bem real meu raciocínio pleno

Que soube segurar minha matéria

Que se debatia a sair e a jogar-se.

Bem maior ainda foi sem dúvida

O amor sublime e inconfundível

Do Senhor, a ilimitação suprema.

E teu nome, caro irmão,

Porventura é maior que o meu amor?

Não! Não é maior que o meu sentir

É, sim, tão importante quanto ele.

Preciso, pois, encontrar o alívio perene

Adormecer na quietude plena

Da verdade puramente verdade.

E qual a verdade puramente verdade?

Que não seja a bondade do Senhor?

Por que tenho que esquecê-la, às vezes?

E mergulhar no sofrimento algoz?

Provavelmente porque não tenho a sabedoria exata

De lançar-me à luta como deveria.

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Do livro “Caminhos Ainda”, Edição da autora / APL – Academia Piauiense de Letras, Teresina, 1991, página 47.

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Francisca Miriam
Enviado por Francisca Miriam em 01/01/2011
Reeditado em 15/09/2012
Código do texto: T2702616
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