MÉRITO TEU
A dor impiedosa me atingiu em cheio
Grande, porém, foi a vontade de te ouvir
E Deus me concedeu esta ventura
Marcante foi a tua presença
Minhas lágrimas lavavam o meu rosto
Meus soluços misturavam-se a elas
Lado a lado com meu respirar profundo
E os meus gemidos terrivelmente sentidos.
No entanto, à medida que tua voz chegava
Foi dando lugar à calma em meu espírito
Aconchegando-se cada vez mais a mim
E o sorriso foi o meu prêmio maior
Daquele lutar empreendido
Que quis tornar-me a mais frágil das criaturas.
Grande é o júbilo do teu mérito
E bem real meu raciocínio pleno
Que soube segurar minha matéria
Que se debatia a sair e a jogar-se.
Bem maior ainda foi sem dúvida
O amor sublime e inconfundível
Do Senhor, a ilimitação suprema.
E teu nome, caro irmão,
Porventura é maior que o meu amor?
Não! Não é maior que o meu sentir
É, sim, tão importante quanto ele.
Preciso, pois, encontrar o alívio perene
Adormecer na quietude plena
Da verdade puramente verdade.
E qual a verdade puramente verdade?
Que não seja a bondade do Senhor?
Por que tenho que esquecê-la, às vezes?
E mergulhar no sofrimento algoz?
Provavelmente porque não tenho a sabedoria exata
De lançar-me à luta como deveria.
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Do livro “Caminhos Ainda”, Edição da autora / APL – Academia Piauiense de Letras, Teresina, 1991, página 47.
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