TEMPO DE ESPERAS
O dia tinha exilado entre muros rendilhados.
Soprava sobre ela a delicadeza da brisa
numa falsa noção de que seria fácil derrubar as barreiras
Mas quão delicados eram aqueles muros!
E se despede dos campos de sal
Quebrando o silêncio das tardes inquietas
Ensolaradas horas que instantes não esgotam.
Todo o corpo desperto hesita na rota
sonhando com largos espaços libertos
E infinitos azuis de uma outra cor
Desafio vermelho à luz do meu olhar
Labirintos que sigo pelo voo das borboletas
E o silêncio cresce no dorso da dúvida
Como qualquer insidiosa hera.
Assim ficamos olhando o horizonte
Que não nos diz do azul de outras eras
Mas de estranhas cores pintadas de incerteza
São estes os novos tempos de mudança
Passagem pressentida na brisa que circula
Dentro da casa construída de esperas.