ESTRANHO SENTIR
Estranho sentir cinge-me o peito
É como só de miragem eu vivesse
E como sendo miragem fosses um anjo
A bater suas asas sobre mim.
Estranho é este meu sentir intenso
Que, como vulcão, ferve-me o ser.
Acalento-te como se órfão fosses
E de amor só o meu te restasse
E o que pensas de tudo isso, ó criança minha?
Leio nos teus olhos mensagens belas
Como a dizer-me que de mim gostas
E por que paramos no tempo e no espaço
E ficamos como se dois prisioneiros fôssemos
A pagar por culpas que não temos?
Não me escapa o teu medo estampado
Lado a lado com as tuas mensagens
Ficas, pois, de mim a esconder-te
Como se de amor eu venha a matar-te
Não será melhor morrer por excesso
A morrer por falta de amor?
Vem, morramos, pois, de amor unidos
É melhor que estar a morrer em separado.
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Do livro “Caminhos Ainda”, Edição da autora / APL – Academia Piauiense de Letras, Teresina, 1991, página 45.
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