Só uma palavra
Só uma palavra...
A noite sempre diz que o amanhã vem.
O dia tem.
O bem, também.
O chão da praça tanto para quem o olha ou passa tem pipocas coloridas.
É chão de gente.
Meninos e meninas correm em um vai e vem chamado infância.
Ecos perdidos e achados agora e depois é só a chance vir.
Chance para sorrir.
Para chorar.
Para parar de fazer qualquer coisa e sentar-se no banco da praça.
Olhar quem passa.
Alguém sempre passa como a noite de ontem.
Leva suas estórias guardadas de todos.
É particular.
O chão é público, mas o homem é propriedade privada.
É coisa velada do outro.
É o outro no chão da praça.
Que passa.
Que vem.
Que vai.
Que sente.
Que o tempo passa.
Sem presa.
Seu compasso é seu; coisa do tempo; salve o tempo.
E eu?
Caminho no chão como um escorpião velho a procura de comida.
É bicho pré-histórico.
Como a gente.
A gente da praça.
Que também passa.
Sim, por vezes, com muita graça.
Outras, o choro disfarça.
A praça tem máscaras de todos os tipos.
Tipos de gente.
Tipos de máscaras.
Que passam pela praça quando o sol volta no outro dia.
Foi só uma palavra...