A FLOR DA ALMA

Lá nos confins dessa minh'alma, uma florzinha

mui solitária fita o céu, com fé, pedindo:

“Flore um jardim perto de mim, sou tão sozinha,

com outras flores coloridas, todo lindo!”

Oh, pobre flor, que assim, tão só, triste, se aninha

ao aconchego da esperança em sonho avindo

para manter o seu frescor que se definha...

E não chorar as suas pétalas partindo...

Ó, melancólica florzinha da minh'alma,

estas sementes que tu vês em minha palma

eu lançarei, espalharei ao chão de mim.

“Ó, Alma-Terra, sei que vivo dentro em ti,

permite, então, que outra mão me colha aqui,

pois sem o sol e sem o ar não há jardim.”

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 30/12/2010
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