Arsenico

Agente viaja, manhã após manhã

nas borras de chá, nos livros de ficção

no alinhamento das estrelas

agente se encaixa, dia após dia

no entrelace dos corpos, na bagunça do quarto

nas palavras despejadas sobre o café

na marca de meus dentes no teu mamilo

agente se mata, noite após noite

pois não há no mundo

boca digna de ser beijada

que não venha pintada de veneno

assim como não há romance eterno

digno de ser lembrado

e que assim seja

amén