Dorme Sofia
Dorme Sofia
Sandra Ravanini
A Maria Sofia Ravanini, minha tia
Que faço eu agora que a confiança foi-se embora?
Mãos em oração sem mais aquela esperança,
de que me serve o riso de uma alegre lembrança?...
Com essas lágrimas antecipadamente derramadas,
e mais essa dor que consome minhas horas e meus dias,
que faço eu sem a poesia que havia em Sofia?
Que faço eu com o pedaço que se vai embora e mais a dor que fica agora?
Choro a palavra não dita e a vida que definha,
choro as dores suas que são as mesmas dores minhas.
O vazio já se faz... Ah, meu Deus! para quem escrevo, eu aqui sozinha?
Lágrimas ao tempo tão quentes quanto o calor do seu olhar,
e a impotência de não mais poder meus olhos lhe encontrar...
Que faço eu com esse frio n'alma que aflora?
Choro a sua luta e a força que vence o cansaço,
queria eu poder mais uma vez descansar em seu braços.
Quem vai abrir o portão e o sorriso se a porta vai se fechar?
Dorme ela em sua cama fria, dorme linda Sofia,
que minhas lágrimas lhe aqueçam nessa noite vazia...
Que faço eu agora se é chegada a hora?
Com amor,
in memoriam