De volta ao começo....

Fim de ano uma vez mais
Dias, horas, minutos
Meses
Voando tantas vezes

Mas quem já não sentiu
Em outros momentos
A parada do tempo
Como se a amargura nos aprisionasse
Nos paralisasse em seu torpor?

Ah, o tempo!
O que se pode dizer a respeito?
O que cada um sente
Pensa
Sonha
Em relação ao tempo?

Um poeta lembrou que alguém
teve a idéia de fatiá-lo
Para torná-lo palatável talvez
Ou inteligível
Pois não é fácil assimilar
Suas vicissitudes
Suas armadilhas
Sua magia
Ou
Seu poder

E depois que o tempo foi fatiado
Em dias, semanas,
Meses e anos
Surgiram também as estações
Aí o Poeta do tempo
Pintou cores e sabores distintos
Pincelou todos os matizes
Tentou agradar de todo jeito
para suavizar os desenganos

Ah, mas sempre tem
Quem somente vê os defeitos
E não consegue se deliciar com o frio
Nem curtir o colorido primaveril
E nem se apercebe que o verão também é bom
Apesar das intempéries

Então de novo
Um novo ano começa
Sem pressa
Meio letárgico
E
Logo ali
Ao virar a esquina
Quando ninguém mais olha
Lá vai ele numa desabalada carreira
Rumo ao futuro
Ou aos sonhos adormecidos
Que acordaram agorinha
Ao som dos fogos de artifício
Ou então corre de encontro ao muro
De pedras gigantescas
Construídas ao longo
Da vida
Tecidas de rancores
de dores
E desamor

É Ano Novo
De novo
E o que você fez de bom?
Do que não quer mais saber?
O que foi possível cultivar no coração?

Não tem como evitar
A gente faz um balanço
A mente não tem descanso
Ao findar de mais um ano

Então vale a pena acordar
o "Novo ano que cochila dentro da gente"
se não tudo fica muito igual ao que era antes
A não ser as rugas
Que vão se tornando sulcos

Mas pior que as marcas da face
São aquelas da alma
Quando nada mais nos acalma
E todo o tempo é em vão

Se tudo o que acontece é humano
Por mais que às vezes não pareça
Antes que mais um ano termine
Eu quero seguir no meu tempo
Dando boas vindas
A tudo que  recomeça
escancarando meu coração ao amor

Feliz 2011 para todos os recantistas e visitantes