ABUNDÂNCIA NATURAL E VAZIO SEM TI
À distância, o azul celeste sem uma nuvem sequer.
Aves de rapina sobrevoam, lentamente, pra lá e pra cá.
Alguns cantos distantes de pássaros aos meus ouvidos chegam.
Os dotados galhos das árvores, uns mais verdes, ainda.
O cimento à vista, em formas de casa e prédios.
O vento jorrante lava-me os pulmões adentro.
O sol escondido sobre os empecilhos do homem
Mas a sua claridade está a indicar que é dia.
As duas janelas, passagens do que aqui descrevo.
A porta sutil, por ela entro e saio, o corpo.
Objetos inertes estão, por eu querer que fiquem
Mas não consigo dosar o fervor dentro de mim
Por não te ter, criança, agora, neste momento.
Vem, lava-me o corpo, com teu bálsamo puro vivo.
Eleva-me ao ponto em que deseja minha alma.
Quero, contigo, todas as montanhas escalar
E, também, percorrer todos os caminhos, só nossos.
No meu colo, tua cabeça apoiar.
Enlaçar-te, com minha força total.
Adormecer e acordar ao teu lado e poder sentir
Todo o embalo constante de uma vida serena.
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Do livro “Caminhos Ainda”, Edição da autora / APL – Academia Piauiense de Letras, Teresina, 1991, página 43.
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