ABUNDÂNCIA NATURAL E VAZIO SEM TI

À distância, o azul celeste sem uma nuvem sequer.

Aves de rapina sobrevoam, lentamente, pra lá e pra cá.

Alguns cantos distantes de pássaros aos meus ouvidos chegam.

Os dotados galhos das árvores, uns mais verdes, ainda.

O cimento à vista, em formas de casa e prédios.

O vento jorrante lava-me os pulmões adentro.

O sol escondido sobre os empecilhos do homem

Mas a sua claridade está a indicar que é dia.

As duas janelas, passagens do que aqui descrevo.

A porta sutil, por ela entro e saio, o corpo.

Objetos inertes estão, por eu querer que fiquem

Mas não consigo dosar o fervor dentro de mim

Por não te ter, criança, agora, neste momento.

Vem, lava-me o corpo, com teu bálsamo puro vivo.

Eleva-me ao ponto em que deseja minha alma.

Quero, contigo, todas as montanhas escalar

E, também, percorrer todos os caminhos, só nossos.

No meu colo, tua cabeça apoiar.

Enlaçar-te, com minha força total.

Adormecer e acordar ao teu lado e poder sentir

Todo o embalo constante de uma vida serena.

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Do livro “Caminhos Ainda”, Edição da autora / APL – Academia Piauiense de Letras, Teresina, 1991, página 43.

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Francisca Miriam
Enviado por Francisca Miriam em 29/12/2010
Reeditado em 26/08/2012
Código do texto: T2697499
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