Secreta
Eu me procuro
nas profundezas dos rios
em que me deságuo
e me encontro prisioneira
das minhas linhas secretas.
As vezes
caminho com pisaduras de pássaros
sob os girossóis debruçados
nos meus versos e rimas.
Os meus olhos
atravessados pelas estrelas
contemplam o infinito de mim
e forram a minha mesa
com o azul do oceano Pácífico.
A noite
segreda a minha alma
e pede para a lua entrar
e pratear os sonhos.
Mas
quando o coração me desabita
percebo os sentimentos
fugindo livres
pela janela aberta,
e eu choro,
e tento costurar navamente,
com fios de seda,
o instante em que me rompi.