Peso das horas

Degustei poemas

Engoli seco dilemas

Numa intenção frenética

Dilatei impasses

Pra ter espaços mais leves.

Aos pulos cravei muros

Golfei vácuos mudos

Transpus obstáculos surdos

E de olhos fechados

Meus pés cheios de medos

Caíram desse lado.

No esguio aconchego

Onde me cabe tudo no colo

Sem quimeras do alento

Vejo-me agora ao relento

Coberta por um novo tempo.

Encarei mundos

Como um predador

Enfrentei as ameaças da dor.

Arranhei resposta

Margeei encostas

Segurei suas costas

Pra que não sentisses

O impacto do precipício

Que fosse de seus indícios.

Debrucei de leve meu cansaço

Pra não carregar seus braços

Que sei já tinha seus pesos

Que aos próprios pés estavam presos.

Numa envergadura permanente

Que não te possibilitaram ver

Meus olhos em suplicio de amor

Esperando-te logo a frente.

Aos poucos fui embora

Imposta por suas demoras

O peso dos ponteiros

Que já conseguem cumprir

A nossa hora...

Lucinda
Enviado por Lucinda em 28/12/2010
Código do texto: T2695707
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