Peso das horas
Degustei poemas
Engoli seco dilemas
Numa intenção frenética
Dilatei impasses
Pra ter espaços mais leves.
Aos pulos cravei muros
Golfei vácuos mudos
Transpus obstáculos surdos
E de olhos fechados
Meus pés cheios de medos
Caíram desse lado.
No esguio aconchego
Onde me cabe tudo no colo
Sem quimeras do alento
Vejo-me agora ao relento
Coberta por um novo tempo.
Encarei mundos
Como um predador
Enfrentei as ameaças da dor.
Arranhei resposta
Margeei encostas
Segurei suas costas
Pra que não sentisses
O impacto do precipício
Que fosse de seus indícios.
Debrucei de leve meu cansaço
Pra não carregar seus braços
Que sei já tinha seus pesos
Que aos próprios pés estavam presos.
Numa envergadura permanente
Que não te possibilitaram ver
Meus olhos em suplicio de amor
Esperando-te logo a frente.
Aos poucos fui embora
Imposta por suas demoras
O peso dos ponteiros
Que já conseguem cumprir
A nossa hora...