ALÉM DO ALÉM
A Benito Barros
O solo macauense terá sabor de abrigar o maior apreciador da sabedoria: BENITO BARROS
E que fique claro, a humanidade não perde nada com isso
Apenas ganha
Pois já que o seu corpo se vai e sua alma se esvai
O seu pensamento se eternizará
E deixará marcas de ferimento no seio da maldade
Mágoas no berço delirante do sofrimento dos covardes
E orgulho na tensa paz da bondade
Uma bondade que passa longe de ser hipócrita e medíocre
Macau deve-lhe o respeito das lágrimas
Bem como a sinceridade do sorriso de uma criança:
Ingênuo, mas repleto de contentamento
Apesar de inevitável
Não devemos chorar as lágrimas pela sua morte
Mas contemplar a alegria de sua vida
Até porque não houve morte
E sim a esperança do reencontro, quem sabe,
Em algum lugar ou em lugar algum
O seu corpo partiu, ó grande homem,
Isso não é nada
Diante das suas palavras que ficaram
Do seu pensamento e da sua poesia que se perpetuaram
Isso sim é tudo
Eu não sei se saudades serão suficientes para sofrê-las
Por isso nem prefiro senti-las
O que sentimos ao velar-te é algo bem maior e muito mais inexplicável
A humanidade perdeu um homem
Mas a sabedoria e o conhecimento
Ganharam muito mais
Que o horizonte, perdido no firmamento do além
Com o acalanto de um aconchego matrimonial
Afague a sua alma humana:
Raiz profunda da sua caridade
Tronco forte da sua esperança
Caule maleável do seu perdão
E fruto maduro de toda a sua verdade
Benito Barros
O homem que nasceu não para viver
Mas para se eternizar na memória da eternidade
No coração de todos que o amaram
E de todos a quem amou
Benito Barros, você sim,
Foi Um Ser Tão...