Festim das borboletas solares
alguém mutilou minhas borboletas
voadoras livres do interior!
agora se arrastam pelo chão outonal
entre as pétalas amarelas que antes
borboletavam todos os dias com elas
tamanha covardia eu nunca vi igual
acho que foi numa tarde de domingo
quando tudo parecia encantado pelo sol
veio a sombra do inimigo e a lâmina
reluzente de capricho assobiou no ar
todas as flores foram testemunhas
da queda que sofreram num gesto ímpar
ficou apenas a canção do vento
que transporta o silêncio no ventre
grávida de tantas mágoas inauditas
prestes a serem paridas sobre a miséria
de corpos amadurecidos no calor
dum sangue pisado