Palhaço

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Palhaço

E se o palhaço perceber,

na arte cênica do improviso,

que na verdade, sem querer,

o que se esconde é dor humana

e fingimento de sorriso?

Expõe-se ao grito, o povo clama...

E se meus olhos, fechados,

não revelarem nada de nós?

Por que ficar a sós,

buscando alheios desabafos?

Por que pintar o rosto

se o palco é tão exposto?

Não desmorone o sonho do palhaço.

O teatro da minha irrealidade

se faz de máscaras, sem maldade,

refletidas no silêncio da ilusão.

Quero revelar meu sofrimento,

libertando a lágrima que cai.

Ah, se o palhaço sorridente,

que chora ao fazer sorrir,

não morresse nunca na mente

dos povos distantes – nem nos daqui!

Quero a libação de poeta...

Quero embriagar-me sempre!

É, palhaço: essa vida de moribundo...

Ser a alegria de paralelo mundo,

estando triste, apesar da euforia;

você não se mostra, mas a gente crê.

Crê que a vida de palhaço é alegoria,

onde o adorno não morre nunca, para quê?

Crato-CE, 27 de novembro de 2007.

01h26min

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Nijair Araújo Pinto
Enviado por Nijair Araújo Pinto em 27/12/2010
Reeditado em 21/05/2014
Código do texto: T2694159
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