CARTAS DE AMOR III - noturnas

Mesmo que seja triste o poeta

As palavras sempre serão belas

Estará sempre a um passo do abismo

Amparado pelo amor se vai à queda

Escreve poemas para todos ou ninguém

poemas são cartas que vão e às vezes vêm

Mesmo quando o destinatário as rejeita

Continuam prenhes de amor, perfeitas

As horas de desterro do mundo real

Para escrever linhas de amor verdadeiro

Tornam o mundo em que vivem pesadelo

Que termina no ponto no verso final.

As cartas de amor são obras noturnas

Cardiográficas, uma espécie de mágica

Que faz ferozes donos de coturnos

Esquecerem suas vidas trágicas

E assim segue o amor nessas vidas

Fluindo através de poros insones

Depositando-se na palavra escrita

Para aliviar a dor que os consome

Coisa imensa de tão grande

Que não há palavra que traduza

O que mora na alma desses homens

Que escrevem cartas noturnas