Bagdá
Bagdá, noite escura.
No céu profundo, o crescente
Culmina soberano.
Na rua, vícios humanos
Fumam narguilés,
Mulheres, com burcas,
Atiçam-me olhar; misteriosas...
Ao fundo uma mesquita
Silenciosa aponta ao céu;
Menires neolíticos-cuneiformes
Resistem milenares ao tempo...
Saladino, em estátuas e memórias,
Reina no ideal de cada iraquiano.
Os mastins, alheios ao ruído humano,
Vagam pelas ruas superlotadas.
No mercado, pechinchas e usuras,
Se debatem como ormuz e arimã...
E a noite se vai... Lenta... Dormir...
Renascendo como no Sansara...
Bagdá repousa no silêncio...
Somente o crescente impera no céu
E Saladino nos sonhos dos bagdalis.
(Danclads Lins de Andrade).