Tenho um encontro comigo

Tenho um encontro comigo

Na esquina da razão

Onde habito a lucidez

Onde convivo com a divagação

Afirmo-me diante da minha existência

Meu rio caudaloso e extenso

Ora me conduz com calmaria

Ora os solavancos das corredeiras

Arrebatam-me em susto

Não transfiro a ninguém

Minhas imprecisões noturnas

Meus senões caóticos

Minhas frustrações inexatas

Sigo sem que a tristeza me abata

Pois meu sorriso e fé são mais que eu

Mas não me privo do choro

Tenho que manter a sensibilidade de ser humano

Tenho que temer

Tenho que ter medo

Tenho que meter o dedo na ferida

Tenho que crescer

Não esquecendo da criança que me habita