Trova arrítmica

Eu queria nesta vida ter nascido

Com o talento do ritmado trovador

Pois para este malfadado amor

Que definha em mim já ressequido

Prosa e verso simples não me servem

Eu quero uma cantiga, quero um fado

Mas a caneta e que jaz aqui do lado

Não dá ritmo ao que minhas mãos escrevem

Queria o dom e inspiração

Dos poetas de além-mar

Ou a simplicidade do embolar

De um poeta do sertão

Pois sou escritor pela metade

Cientista sem entusiasmo

Sofro em pleonasmo

Mais do que permite a minha idade

E, no entanto, disso tudo

Extraio pobres versos sem cor

Melodias cinzas, sem sabor

Lágrimas e um desespero mudo

E para a mulher com quem ainda sonho

Finjo sorrisos e uma amizade inocente

Eu a quero do meu lado novamente

Mas um exílio de mim mesmo me imponho

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 23/12/2010
Reeditado em 23/12/2010
Código do texto: T2687257
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.