DELÍRIO (Anderson Julio)

Ao te ver andar

naquela outra calçada,

minha vida descompassada,

louca e confusa

se atira do meio fio

e cruza

as avenidas...

os sentidos...

e as verdades malditas

de que já não me fitas.

Nem os apelos infindos

dessas tardes paulistanas

de venturas insanas,

não te convencem mais

de que vale a pena,

ou de que a vida em cena

não se repete agora,

quando você chora.

Ao te ver seguir

sem olhar pra trás,

eu grito contumaz,

e quase choro,

pela musa que adoro,

pela chance que imploro,

pelo derramar do leite,

e pelo deleite,

pelo martírio

em forma de delírio

que me faz...

te querer assim...

e ainda...

acreditar.