O Escritor e seus Romances

Ao escritor, o silêncio das palavras

é fúnebre, é triste,

e a máquina na mesa

congela ao frio do desuso

Calada

O iceberg quer o silêncio quebrado

Ela o instiga e o chama

criando um tumulto

Os personagens pulam, dançam e andam

no seu peito

Um terremoto, um maremoto,

um largo de chama que ferve e inflama

Querem criar vida própria

Querem a liberdade do seu criador

Então, elas gritam:

- Solte os grilhões que nos aprisiona

Nos liberte num livro

Deixa viver as páginas

qual nós pertencemos

Deixa-nos viver

para com o fim das estórias morrermos

E ressuscitaremos a cada leitura

de um leitor

que nos quer conhecer,

nos amar, nos odiar,

nos dar vida...

Henrique Rodrigues Soares - A Natureza das Coisas