Primavera

Soco, um sopro no vento indiferente

Pela lente da luneta

Apenas uma vinheta

Do concerto orquestrado

Por um lado estou fadado

A pequenez

A rigidez do cérebro falível

Ao impossível tange meus versos.

Um inseto que voa

Não sabe que há lua

Mesmo assim pra ele há luz

Uma lâmpada no teto do quarto imundo

No fundo um esboço, o osso

Que racha quando o aço amassa

Sem graça, sem riso

Todo velório há desgraça

Maldito é o tempo, que não lento

Traz rugas, viúvas, mudas e enlutadas

Renascem as flores toda primavera

Mas nada será o que era.