MAGNETISMO
Vivo a penúria massacrante de um eunuco,
o meu sorriso quase morto, murcho, parco
vem em fagulha, quando bebo em gota o suco
do teu viver, que é meu destino, que é meu marco.
És tu que ergues este meu seguir caduco,
sem ti, eu vivo me arrastando, sujo, em charco,
minha morada é no mais pútrido tijuco.
Amor, resgata-me, lançando esse teu arco!
Tanta lamúria, pois não sabes que eu te amo
e no entanto tu me prendes, feito imamo,
nos teus desejos, tuas mais doces delícias.
Fomos criados como dois irmãos, é certo,
mas estes olhos, vendo-te a nudez de perto,
soltam, em voos, meus anseios por carícias.