MAGNETISMO

Vivo a penúria massacrante de um eunuco,

o meu sorriso quase morto, murcho, parco

vem em fagulha, quando bebo em gota o suco

do teu viver, que é meu destino, que é meu marco.

És tu que ergues este meu seguir caduco,

sem ti, eu vivo me arrastando, sujo, em charco,

minha morada é no mais pútrido tijuco.

Amor, resgata-me, lançando esse teu arco!

Tanta lamúria, pois não sabes que eu te amo

e no entanto tu me prendes, feito imamo,

nos teus desejos, tuas mais doces delícias.

Fomos criados como dois irmãos, é certo,

mas estes olhos, vendo-te a nudez de perto,

soltam, em voos, meus anseios por carícias.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 22/12/2010
Código do texto: T2685514
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