sonhos

sonhos mortos

sonhos futeis

tortos

vivos

eternos

sonhos inúteis

daqueles que viviam

rabiscados nos cadernos

sonhos de éter

sonhos de grãos

sonhos soltos

vãos

sonhos secretos escondidos

nas entrelinhas dos diários

que cruzavam calçadas

que atravessavam as ruas

ardiam o peito

tremiam as pernas

dobravam os joelhos

sonhos perfeitos

sensações nuas

vindas do fundo do espelho

sonhos intensos e densos

tanto quanto

as noites escuras e frias

tanto quanto a lua eterna

sonhos inesperados

descobertos ao acaso

no fundo da bagagem

recem chegada de longe

de uma viagem hostil

através do tempo

depois de atravessar

chuvas de vento

tempestades de neve

noites e noites de sono

pesadelos

abandonos

que só mesmo

alguem tão apaixonado

se atreve

jose luis lacerda
Enviado por jose luis lacerda em 22/12/2010
Reeditado em 22/12/2010
Código do texto: T2685075