Sinal dos tempos

O tempo era de flores, e flores não se viam.

Mas seu perfume se sentia, e era doce e forte.

Cheiros de Marrakesh, cores de caminitos.

Tantas viagens viajadas, estradas percorridas.

E o horizonte sempre escondido por detrás de uma linha infinita, do tamanho do planeta infinito onde todas as viagens não bastariam para chegar ao fim.

O tempo era de dores, e dores não se iam.

Peles e tecidos se confundiam e paixões se sucediam.

Música eletrônica e poesia japonesa.

Amores fugazes e amores eternos a entorpecer os sentidos e velar almas inquietas, ângulos retos e a arquitetura modernista.

Ah, a velocidade dos dias nos tempos em que se riam

Os palhaços, os artistas e as melodias

A náusea irmã da embriaguez e a fome filha da alucinação

Levam a uma única conclusão:

Todos os dias são de flores, todos os cheiros são fugazes, todos os tempos são infinitos, todos os amores são um só.