ANÔNIMO

Desejei um poema sem título,

anônimo como os da madrugada.

No verso breve qual orgasmo,

um seio me dizendo amém,

o outro sem ir além.

Quis apenas um poema anônimo,

terror dos suores noturnos.

(A mão atrevida arde na luva,

enquanto sininhos nervosos

pulsam dentro de nós)

Quis um poema sem nome,

canoa bravia sobre o travesseiro.

Quis um verso, apenas, sem pedir-te nada.

– Do livro O POÇO DAS ALMAS. Pelotas: Editora da Universidade Federal, 2000, p. 23.

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