O FURO
há um furo no dique que envolve a Holanda,
uma fama falsa
no diz-que-diz-que ama e não ama!
relatou assim
[em meio a novidades]
com uma letra de cabeçalho
o dono
do teor da notícia
há um furo estampado na alma d’um artista,
um herói de mentira
no diz-que-diz-que quer e não quer!
retratou assim
[em meio a novidades]
com uma voz de tô-fraco tô-fraco
o dono
do último fuxico.
formado, inconformado, intuitivo,
elegante, escrachado,
o jornalista
decreta a morte de um leão e de um cristão ao dia
[tardes roucas, madrugadas afônicas, manhãs nasaladas]
estações misturadas
no albatroz veloz
a comer carcaças com fome de carcarás
ou a beber champanhe na sede de hienas-sociais
nas veias, o sangue, em circulação
remete-o à outra notícia
[intuitiva]
que poderá vir no amanhã, ou no depois do amanhã
assim
criados, os horóscopos
e as receitas mais improváveis,
os mitos nunca se parecerão com mitos
nem canalhas com canalhas
se tudo já está escrito
pra que reescrever?
histórias que não param e nem cessam de correr
é um preto no branco
[off-set]
racismo:
marrom só é cor mesmo quando um burro logo foge
lixeira lotada,
cinzeiro também,
bule de café pra acordar
o povo desatento
que só quer confirmar
a opinião global que pára o conhecer
sem saber
se acontecerá, ou não,
o sim do Nostradamus na mais nova versão
verdades ou mentiras?
o povo vai julgar:
só sei que estamos livres
[muito livres]
pra falar
do furo que quase inunda a Holanda
[ou]
de quem se apaixonou pelo artista sem princípios.