Boteco
Carapécu é paninho do garçom
Ele passa esse pano na cara
Passa esse pano no pé
Nem versificarei por onde mais
A conversa fiada rola solta
Enquanto um herói arrota
Os feitos de seu glorioso dia
Mas logo sai de perna torta
O boteco é o berço da alegria
Cirrose hepática é uma lenda
Nada é como se aparenta
Depois que tanta garrafa esvazia
Oh Boteco, Berço dos equilibristas
Dos Homens mais que Doutorados
Dos valentes e dos analistas
Que lugar mais sublime os uniria
Para copularem sobre os nobres temas
Do futebol, dos vizinhos, das mulheres e da política?
Do outro lado vemos
Parece um poeta amargurado
Com um pequeno papel sulfite
E uma ponta de grafite
Ele escreve e bebe
Bebe mais do que escreve
Vagueia o seu olhar tristemente
Descreve nas folhas um pouco do que sente
Há um casal em uma das mesas
Apaixonados dão-se as mãos
Beijam-se a todo momento
Sorriem e atraem a atenção