Guardo sinais
Tenho uma rachadura
Onde escorrem verdades
Que os segredos não escondem.
Invade de abraços o próprio regaço
Nos frouxos passos que não dei.
Guardo sinais no alargado sorriso
Que esconde o pouco riso
Que a vida sem você me dá.
Dores cedendo queixas
Na insossa calma
Do vício de cada dia
Censuro qualquer traço de realidade
Que não seja a verdade
Desse amor nossa alegria.
Sacraliza abençoado Deus
A vida da gente
Sem falso desencanto
Tira de meus olhos esse pranto
Satura o que me parte ao meio.
Segreda apenas em meus ouvidos
Que não tenho mais as sombras
Deste vão solto em suas mãos
Somos os enlaces de nossos princípios
Vencidos precipícios
Que tocam de leve o chão.
Fazendo atadura
Nessas rachaduras
Chamada solidão.