Natal em Mandarim

O holofote me seduz

como quem oferta luz,

ou só outra fuga

da realidade que se aluga.

Delicia que degusto

antes do próximo susto.

É hora de levantar

para outro dia em vão.

O corpo não está são,

nem a Mente está sâ,

nessa hora vã.

São apêndice que carrego,

cartas que não entrego

nesse chão em que escorrego.

O Natal se aproxima,

Berra o camelô da esquina.

Estou cercado,

qual leitão a ser ceiado

pela fome do rejeitado.

Vermelho e dourado dominam.

Mandarins predominam.

Dourado e Vermelho,

Vermelho e Dourado,

como se o riso fosse dado.