CONDENAÇÃO - POEMA 14

ESTA ALMA QUE FOI ME DADA, PEQUENA E GRANDIOSA

TRAZIA COMPLETA, UM SENTIMENTO DE IMPERIO

QUE NÃO ENTENDI A PRIMEIRA VISTA

POR MAIS DISSECADO QUE FOSSE O MEU NÃO ENTENDIMENTO

OLHO OS SAPATOS NO CANTO, TÃO BEM LUSTRADOS

A ESPERA QUE EU, SEU NOVO DONO , DE-LHES USOS

COMO DEUS UM DIA DEU VIDA AOS HOMENS, DEVO AGORA

DAR NOVOS PASSOS LETRADOS PARA FERNANDO PESSOA

COMO TUDO EM NÓS É RIDICULO E SIMPLIFICADO!

COMO TUDO EM NÓS É O JÁ USADO!

COMO TUDO EM NÓS É UM QUERER BASTADO!

COMO TUDO EM NÓS FOI. DEUS FOI-SE!

A COR DO MUNDO QUEM DECIDIU ?

FUI, ERA, ERAMOS, SOMOS, POETAS DETERIORADOS PELA LUZ

AQUELE QUE ME ENCONTRO SEMPRE DISTANTE

NÃO PROCURO OLHOS OU ALMAS NO HORIZONTE

O QUE PARECE IMPORTANTE A PEDRA?

NADA, NEM ELA A SI OU A MIM. TUDO É SÓ POESIA

QUERO A VIDA SIMPLIFICADA E O ´TEDIO

A COR SIMPLES E NÃO A AQUARELA GORDA DO UNIVERSO

A AFEIÇÃO PEQUENA E NÃO O AMOR MONUMENTAL

QUERO-ME EM CONDENAÇÃO JUSTA E POETICA

PARA UMA VIDA NESTE NOVO SER COMEÇAR.

MAURICIO DE AZEVEDO

METEMPSICOSE - A ALMA DE FERNANDO PESSOA