LÁBIOS DE SAUDADES
Lindo trançado, em minhas mãos te vejo,
nestas brumas de minhas levezas
nestas asas de borboletas em cores acesas
A hora, de qualquer instante, uma música com voz alta
Levanta pela praia a imagem em areia desabitada
em brancos grãos sentidos em magia anunciada
Apartei-me de vós, mas a vontade, n'alma vos tira,
voa, vai, volta, me revira
Me faz crer que esta ausência é de mentira
Ah, dura lei de Amor, que não consente
Se hei-de viver, enfim, forçadamente,
sem ter de ti os pensamentos e a carne presente
O duro desfavor que me condena,
Que a dor da ausência fica mais pequena.
Ando-me acostumada à paciência
pois em espera não me oponho em resistência
Com sol em formosura e claridade,
Enchem os meus olhos de tal suavidade
Que em lágrimas, de vê-lo refletido
se aquieta a distância quando me beijas os lábios de saudade.