Tempo de Deus
Não sei quanto tempo seguia emudecida
O caminho que me leva as estrelas
Em cósmicas ocupações que comportam a fé
Procurando-me entre as sombras pudicas
Que espalham a luz e exalam os lírios
Dentro da tenda erguida sob o céu
Dentro de mim.
Entrou-me na alma uma longa saudade de antigas crenças
Tão recém-nascidas da fé estéril!
Só eu, na verdade, compreendia o momento
A mesma sede me levava como antes
A descansar, encostada aos umbrais do templo
O templo: Eu
A consentir, passivo, o desabafo do mundo.
Agora,
Vozes miúdas me rodeavam
Quase imperceptíveis
Talvez os meus, reverentes, permitindo-me o depurar do instante
Talvez os anjos, felizes, recolhendo o líquido do milagre
Pois que a lágrima rolou tardia,
Como a esperança
De que elevando palidamente o olhar
Poderia alcançar o céu
Pensamento...
"Não desejo público e aplausos, só que me permitam me construir poemas."