Tempo de Deus

Não sei quanto tempo seguia emudecida

O caminho que me leva as estrelas

Em cósmicas ocupações que comportam a fé

Procurando-me entre as sombras pudicas

Que espalham a luz e exalam os lírios

Dentro da tenda erguida sob o céu

Dentro de mim.

Entrou-me na alma uma longa saudade de antigas crenças

Tão recém-nascidas da fé estéril!

Só eu, na verdade, compreendia o momento

A mesma sede me levava como antes

A descansar, encostada aos umbrais do templo

O templo: Eu

A consentir, passivo, o desabafo do mundo.

Agora,

Vozes miúdas me rodeavam

Quase imperceptíveis

Talvez os meus, reverentes, permitindo-me o depurar do instante

Talvez os anjos, felizes, recolhendo o líquido do milagre

Pois que a lágrima rolou tardia,

Como a esperança

De que elevando palidamente o olhar

Poderia alcançar o céu

Pensamento...

"Não desejo público e aplausos, só que me permitam me construir poemas."

Quitéria Régia
Enviado por Quitéria Régia em 17/12/2010
Código do texto: T2677413
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