DA HUMANA CONDIÇÃO * Agora
A luz das utopias apagou-se.
Não brilham mais estrelas mensageiras.
Agora, quem nos diz que o mel é doce?
Agora, quem nos diz que há pão nas eiras?
Morreram de desgosto as primaveras.
Emudeceram já os passarinhos.
Agora, só abutres, fome e feras
assombram os silêncios dos caminhos.
Difusas, na penumbra da lembrança,
sortílegas visões de calendário
irrompem, como um sonho de criança,
dourando ainda o nosso imaginário.
No templo, pavoneiam-se os cambistas.
Na praça, deambulam os autistas.
1 e dezembro de 2003.
Viana do Alentejo * Évora * Portugal