Voodo de olhos
Ó pobre criatura sem inspiração
Da prateleira cheia de bebidas não bebidas
Das paredes brancas nunca rabiscadas
Sentado na segunda carteira bem na frente
Achando beleza em tudo apenas por não achar beleza em nada
Ó criatura dos amores bem elaborados
Do cabelo sempre arrumado
Da libertinagem bem calculada
Do grande futuro, das grandes expectativas
Da futura família perfeita
Não,não me olhes desse jeito
Já basta a minha vergonha do ser
Assumo até que te invejo se assim preferes
Confesso que as vezes evito te olhar nos olhos
Só não venha bancar o desentedido
E achar que pode falar de loucura,de bagunça e de falência
Também não veja em meus monólogos triste algum motivo para compaixão
Ambos sabemos que toda realidade é vã
Que todos os aspectos da alma são utópicos
E que a grandiosidade da alma é falsa
Ó pobre criatura de venda nos olhos
Não tens vontade de se permitir a ter inspiração?